2ª Edição: RIO +20: ARTE E MEIO AMBIENTE



O encontro Rio +20 marca o vigésimo aniversário da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, que ocorreu na capital carioca em 1992, e os dez anos da Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, realizada em Johanesburgo (África do Sul) em 2002.
Baseada em três pilares – econômico, social e ambiental –, a Rio+20 tratou basicamente de dois temas: a ‘economia verde’ no contexto da erradicação da pobreza e a estrutura de governança para o desenvolvimento sustentável no âmbito das Nações Unidas.
A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável está sendo organizada em conformidade com a Resolução 64/236 da Assembleia Geral da ONU, de março de 2010. E, além de renovar o compromisso mundial em torno da sustentabilidade, o evento foi uma oportunidade de avaliar o progresso alcançado nos últimos 20 anos, as lacunas ainda existentes na implementação dos acordos internacionais e os desafios novos e emergentes.
Muito se falou na reciclagem como a única forma de preservarmos o planeta.  A palavra reciclagem ganhou destaque a partir do final da década de 1980, quando foi constatado que as fontes de petróleo e de outras matérias-primas não renováveis estavam se esgotando rapidamente, e que havia falta de espaço para a disposição de resíduos e de outros dejetos na natureza. A expressão vem do inglês recycle (re = repetir, e cycle = ciclo).
Assim, podemos perceber que “reciclar é a vida”, quando pensarmos no  ciclo da água, as cadeias alimentares, os grandes fenômenos  climáticos ou os microscópicos movimentos do sangue nos mamíferos, todos fazem parte de uma intrínseca rede de reciclagem, onde ao fim de cada ciclo recomeça-se outro, em equilíbrio: o milagre da vida!
Quando Lavosier fala: “Na vida nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”, nada mais estava fazendo que uma observação pura e simples dos ciclos vitais.

Tudo ia bem, o Criador parecia ter pensado em tudo.  A harmonia natural em seus ciclos se equilibra de uma maneira impressionante. Tudo necessita de todos; na complexa diversidade planetária, todos são importantes e têm uma função, até que uma das criaturas se diz a imagem e semelhança do Divino e se coloca em um grau maior de importância no grande carrossel da vida. Aí começaram os problemas!
                                                                                    
O que vivemos hoje é o reflexo desta falta de capacidade do ser humano em observar a importância de tudo e de todos no complexo equilíbrio biodiverso. Vivíamos num mundo há 17 mil anos que hoje nos parece utópico. Como era possível um ser humano não mandar no outro, não explorar e ainda por cima respeitar o ambiente que lhe dava a vida? Mas era! E hoje vivemos a busca deste elo perdido, a fórmula mágica de retornar ao que já fomos, de ter o que tivemos: ar e água puros, alimentação sem agrotóxicos, felicidade, igualdade, liberdade e fraternidade.
     
É preciso exercitar a recolocação em ciclos destes que hoje chamamos de resíduos sólidos, o lixo da ganância desenfreada, da sociedade de consumo, da necessidade de poder, da falta de razão, da civilidade. E temos um grande aliado nessa batalha constante pela vida: a arte!
     
A reciclagem artística, antes de ser uma solução definitiva para o re-equilíbrio de nosso planeta, é o caminho. A partir da transformação de nosso lixo em algo criador, algo belo, repensamos valores e paradigmas, refletimos sobre quais são as nossas  necessidades reais e quais são as nossas pseudo-necessidades criadas pela “sociedade do espetáculo”, do filósofo Guy Debord (1967). Sociedade onde o ser humano deixa de ocupar o lugar de destaque, e sua felicidade deixa de ser o objetivo principal para dar lugar a instituições e marcas; onde a coca cola é mais importante que a água, mas continua incapaz de regar uma simples horta.
     
Somente a partir da conscientização ecológica seremos capazes de retomar o caminho e nos reposicionar no ciclo da vida!


Professora Angelina Accetta Rojas

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