2ª Edição: RAP E SOCIOLOGIA

As estagiárias Gabrielle Cotrim e Romã Neptune, estudantes do curso de Ciências Sociais da Universidade Federal Fluminense, estão desenvolvendo um projeto com as turmas de primeiro ano do Curso Normal na disciplina de Sociologia.
O objetivo do projeto é trabalhar o Rap como recurso metodológico nas aulas, visando despertar a “imaginação sociológica” dos alunos bem como o interesse pela disciplina por meio de material audiovisual e escrito.
O termo Rap significa “Rhythm and poetry” (ritmo e poesia), surgiu na Jamaica na década de 1960. Depois foi levado para os bairros pobres de Nova Iorque nos Estados Unidos da América e chegou as periferias do Brasil na década de 1980.
Antes marginalizado e associado à violência, o Rap e o movimento “Hip-hop”(dança break e grafite), como um todo, vem dialogando, desde os anos 90, com outros gêneros musicais e sendo incorporado pela grande mídia.


A letra abaixo permite trabalhar alguns conceitos sociológicos como segregação social, preconceito racial, violência urbana, democracia entre outros.

Hã...
Pouca coisa mudou
O responsável pela nossa tragédia não assimilou
Que pra mudar é necessário mais que um discurso...
no percurso falei com gente estúpida
Penso no que diz nossa bandeira fica em dúvida
O que será que eles acham de nós
que não sabemos falar?
que não sabemos votar? Há
Nossa voz tá no ar
(...)
Deselegante ao lidar com a maioria
Que fala com sotaque de periferia
Na correria, sobrevivendo a covardia
Daqueles que nos retribui com antipatia
(...)
Vivemos da democracia que não funciona
Condição social que aprisiona
Vários vão a lona
Sentados na poltrona
Recebendo ordens que serão ditadas na telona
(...)
Que a policia continua sendo o braço governamental
Na favela discrimina o mal
Com suas fardas e caveirões
A serviço daqueles que controlam opiniões,que roubam milhões, donos de mansões
Constrói a riqueza com a fraqueza de multidões
Tubarões...
engolem o peixe pequeno
Não vejo plantação de coca no nosso terreno
Vai além...vejo plantações de vida
de sonhos, de morte, ferida
Que não cicatriza, que não ameniza
Se o clima tiver tenso a paz não se estabiliza
(...)
Sem educação vários de nós vai virar bandido
E a nossa pena não é branda
Perdemos a infância, a juventude a fila anda
(...)
Pai que vai a público falar de ética
Sem saber que o filho é envolvido com droga sintética
(...)
Nova operação policial leva a alma de um inocente
Deixa a criança ferida
Com bala perdida
Mais punição como medida
Revelando a incompetência
Tenho complemento no refrão que há na sequência

(...)
Excluído, iludido
Quem nasce na favela é visto como bandido
Rouba muito, magnata
Não vai para cadeia e usa terno e gravata
Causa e efeito
Só dever sem direito 2x
A corrupção permite
que atrocidade ultrapasse seu limite
Por mais que parte elite evite
Um afrogenocídio existe
onde pessoas morrem por conta da cor
Com sobrenome comum não temos valor
(...)
Os homens de preto sobem o morro pra defender o asfalto
que impotente, assistem a tragédia
No desnível entre a favela e a classe média
Que tratam o gueto como se fosse a África
numa distância que nem chega a ser geográfica
Distanciamento provocado pelo preconceito
Como se nascer aqui fosse um defeito
Não é!
É parte de um destino que você ajudou a escrever,
quando não quis se envolver
Vem, vem aqui combater a consequência de política de ausência
que resulta em violência
Se o foco não for mudado, não terão resultado
e o ódio na juventude é uma tendência
Sem escola, sem escolha
Expectativa de vida até que o crime te recolha
Vários do lado do bem, são empurrados pro mal
vitimas da convulsão social
(...)

Mv Bill - Causa e efeito.


Colaboração de: Gabrielle Cotrim e Romã Neptune.
Professora de Sociologia das turmas: Ana Cristina Pimentel

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